Não entendeu nada? Deixe-me explicar.O sábio Patanjali, que viveu a muito, muito tempo codificou o Yoga no texto “Yoga Sutras”. Patanjali não “inventou” o Yoga. O Yoga já existia em seu tempo. O Yoga sempre existiu e sempre existira.Bem, o texto começa com o seguinte verso: Yogash chitta vritti nirodahah”.Traduzindo…
Yoga é a cessação das perturbações da mente. Ele também nos ensina que para alcançar o Yoga temos que percorrer 8 passos:
- Yamas
- Niyamas
- Asana
- Pranayama
- Pratyahara
- Dharana
- Dhyana
- Samadhi
Então vejamos: aquelas “posições esquisitas” são os Asanas, o terceiro passo. Meditação é o sétimo passo, Dhyana. E os outros passos? E os primeiros passos: Yamas e Niyamas?!
É por Yamas e Niyamas que deveríamos começar a praticar Yoga, no dia-a-dia, numa prática constante e vigilante. Yamas e Niyamas são 10 preceitos, digamos que como os 10 mandamentos de Moisés, que ditam nossa conduta moral e ética, com o mundo e com nós mesmos.
Os 5 Yamas: não-violência, verdade, não se apoderar do que é do outro, autocontrole sexual, viver sem excessos.
Os 5 Niyamas: purificação (externa e interna), contentamento, disciplina/austeridade, autoconhecimento, devoção a Deus.
Entendeu porque você pode começar a praticar Yoga aqui, agora, neste exato momento? Aliás, sem estar sempre atentos à pratica de Yamas e Niyamas não podemos avançar nos demais passos. É necessário ter estes preceitos sempre em mente, procurar segui-los a cada instante. Por outro lado, pode parecer muito difícil seguir princípios aparentemente tão rígidos. Então porque não começar escolhendo um, e segui-lo com determinação? Há uma história interessante sobre um ladrão que queria aprender Yoga e que ilustra bem como os Yamas e Niyamas podem ser seguidos por todos, e sempre transformarão nossa vida. Espero que sirva de inspiração a você!
O Ladrão e o Rei
Uma vez, um ladrão quis aprender Yoga. Foi visitar um mestre e disse-lhe que queria praticar, mas que era ladrão, bêbado e mentiroso. O mestre falou dos Yamas e Niyamas, e disse que, para começar, deveria escolher um Yama ou um Niyama e ater-se a ele. O ladrão pensou: “minha profissão é roubar. É o que sustenta a minha família, portanto, fora de questão seguir asteya (não-roubar). A bebida é a minha única fonte de prazer, e tampouco vou largá-la. Ou seja, que nem shaucha (purificação), nem tapas (austeridade) poderiam ser seguidos. Mas, deixar de mentir não vai me custar tanto. Vou seguir satya (verdade).” E assim foi que ele decidiu falar somente a verdade.
Uma noite, o ladrão foi roubar o palácio real. Eis que o rei estava passeando pelo jardim após um dia entediante, buscando algo que lhe tirasse o vazio existencial. Os dois se encontraram e o rei pergunta: “Quem é você?”. O ladrão disse a verdade: “Sou um ladrão e vim roubar o tesouro real”.
O rei viu ali a possibilidade de viver a emoção e a aventura que estava procurando, e então falou: “Eu também sou um ladrão. E sei onde se guarda a chave da sala do tesouro. Façamos juntos o trabalho e dividamos o lucro”. O ladrão concordou.
Os dois aventureiros entram no palácio, chegam na sala e dividem o tesouro. Porém, acham três enormes diamantes, que não podem ser divididos sem beneficiar um deles mais do que o outro. O ladrão, apelando para aquela generosidade que ocasionalmente conseguem ter os da sua profissão, diz: “fiquemos com um diamante cada, e deixemos o terceiro para o rei. Afinal, coitado, ele acabou de perder tudo.” Ao separarem-se no jardim, o rei pergunta ao ladrão onde ele mora, e fala da possibilidade de contatá-lo novamente para futuros “trabalhos”. O ladrão fala a verdade.
No dia seguinte, o rei vislumbra a possibilidade de testar seu primeiro ministro. Chama-o e diz: “Ontem à noite tive um sonho estranho. Sonhei que o tesouro fora roubado. Vá à sala conferir, pois um pressentimento está oprimindo meu coração”.
O ministro entra na sala, vê o diamante que sobrou e pensa: “O nosso rei perdeu absolutamente tudo. Este único diamante não fará nenhuma diferença”. Esconde a pedra preciosa sob a túnica e volta à sala do trono, dizendo que, efetivamente, o tesouro inteiro foi roubado. O rei manda prender o ladrão. Ao ser interrogado na frente do ministro, conta o acontecido: desde o encontro com o “colega” de profissão até o detalhe do diamante que eles deixaram na sala.
Desta forma, o rei descobre que o seu ministro não é de confiança, pois mente e rouba. Manda prendê-lo imediatamente. E, em seu lugar, nomeia primeiro ministro seu novo amigo, o ladrão. Este, dada a sua nova ocupação, deixou de roubar e, como passou a ter outros prazeres, deixou igualmente de beber.
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